Recado a Lisboa

Compartilhe:

espera_capa
O Turismo de fim-de-semana, ou o chamado citybreak, é na Europa um dos grandes catalizadores da economia de pequenas e grandes cidades ao longo do ano.
Os citybreaks feitos ao longo do ano podem ser “comparados” aos mais habituais roteiros de brasileiros na Europa (espaçados em diversos fins-de-semana ao invés de serem concentrados em cerca de 20 dias corridos de viagem): Viagens de 2, 3 ou 4 dias com o objetivo de (re)conhecer os principais atrativos do destino em 48h a 72h. Mas em cidades tão cosmopolitas, vibrantes e tão cheias de história e cultura é difícil fazer um roteiro de viagem que agregue tudo aquilo que queremos ver.
Num citybreak tudo é planejado, rápido e econômico (inclusive a variável tempo = $$$). Assim, o desenvolvimento de plataformas de serviços como Uber, OpenTable, AirBnb e as próprias companhias aéreas low cost vieram facilitar ainda mais a organização individual destas viagens.
No entanto e tal como no Brasil, a Europa sofre também de um certo lag burocrático em relação à legalização destas plataformas de serviços – recentemente em Lisboa, os taxistas fecharam os acessos ao aeroporto internacional por 24h e foi comum ver turistas carregando suas bagagens ladeira acima por mais de 1,5km.
Mas estes serviços apenas têm sucesso se toda a infraestrutura de base (tentar) acompanhar a era mobile, de forma a que o destino fique atualizado mas se destaque dos demais concorrentes.
E neste caso, falamos de questões muito mais complexas que um app de caronas ou reserva de restaurante para jantar, falamos de serviços básicos que sustentam toda a operação turística e que demoram tempo a tomar forma.
Em Lisboa, por exemplo, no âmbito organizacional e institucional, a Câmara (prefeitura) reduziu o número de subprefeituras para a abordar os problemas sociais e de mobilidade de uma forma mais inteligente e abrangente; os programas  de investimento da União Europeia e do Governo foram canalizados para Parcerias Público-Privadas que geraram mais responsabilidade aos gestores e próprios usuários. E isto pode ser visto em questões simples mas de grande impacto para o turismo como limpeza das ruas e cabeamento subterrâneo.
 
maat-02
Não tendo o país qualquer recurso primário natural e ilimitado a aposta tem sido feita no setor de serviços há mais de 30 anos e Lisboa reinventou-se com criatividade nos últimos cinco anos. Desde o resgate financeiro em 2011, a cidade trabalhou de forma a apoiar os pequenos negócios locais e ao mesmo tempo atraindo empreendedores de todo o mundo. A fórmula foi desburocratizar para estimular os negócios, o investimento e a funcionalidade.
Como chamariz, foram criadas duas agências de promoção de investimento na cidade: a InvestLisboa e a StartupLisboa.
2015 foi um ano recorde de investimentos em imóveis, turismo e empreendorismo apesar da lenta recuperação econômica; e desde 2011 a StartupLisboa já desenvolveu cerca de 250 empresas/negócios em áreas como turismo, restauração, tecnologia e serviços.
Com uma mão de obra qualificada onde o inglês é falado fluentemente (fruto do investimento na educação desde os anos 80) e tendo um custo de vida bastante econômico em relação ao resto da Europa, Lisboa é hoje uma cidade fácil, cool e laidback que vende o seu estilo de vida bacana com 220 dias de sol por ano, tanto para turistas como para empresários.

maismenos-street-art-lisbon-portugal1                       lx-factory-lisboa

Dessa forma e por estar tão na moda, recentemente Lisboa recebeu a maior edição da Web Summit até hoje: mais de 50 mil pessoas participaram da maior conferência de tecnologia da Europa e tanto o Governo como as empresas privadas estavam de olho em todas as novidades que apresentadas por lá (e oportunidades que poderão advir daí).
Uma excelente oportunidade para mostrar ao mundo toda a sua transformação e adaptação à era tecnológica mas também para mostrar que as roupas penduradas nas varandas, o elétrico 28, o fado e o cheiro a peixe grelhado continuam sendo ícones e parte da identidade de uma cidade fascinante!
“Que Deus te ajude, Lisboa
A cumprir esta mensagem
Dum português que está longe E anda sempre em viagem”

João Villaret

Leia mais

pt_BR